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Educação Alimentar e Nutricional no ambiente escolar: Quem deve desenvolver?

Você tem conhecimento sobre a NT 2810740/2022 COSAN/CGPAE/DIRAE? Essa Nota Técnica trata da Educação Alimentar e Nutricional (EAN) e destaca o papel de cada ator envolvido na alimentação escolar, como nutricionistas, diretores, coordenadores, professores, pais, CAE e agricultores. De maneira resumida, vamos analisar o papel de cada um deles.

Iniciemos abordando a definição de educação alimentar e nutricional mencionada na Nota Técnica supracitada. No Brasil, essa área é reconhecida como uma ação estratégica para a proteção da saúde, garantia da segurança alimentar e nutricional, bem como a realização do direito humano à alimentação adequada. Entretanto, o número de ações relacionadas às estratégias EAN no âmbito escolar ainda é reduzido. Como resultado, o FNDE lançou em 2002 essa Nota Técnica, que descreve as ações que cada indivíduo envolvido na educação e cuidado das crianças deve implementar para alcançar os resultados esperados.

Não podemos esquecer que a educação alimentar e nutricional visa à promoção de hábitos alimentares sustentáveis e a prevenção de doenças crônicas não transmissíveis, que têm sido a principal causa de colapso no sistema de saúde público brasileiro. É de suma importância enfatizar que a EAN deve ser abordada no âmbito escolar, visto que esse ambiente oferece um espaço privilegiado para o desenvolvimento de práticas alimentares saudáveis. A escola é, sem dúvida, um local ideal para ensinar às crianças a importância de se alimentar de forma adequada. É durante esse período de descobertas e desenvolvimento que conceitos e hábitos alimentares devem ser trabalhados com essa população, a fim de que no futuro sejam capazes de fazer escolhas alimentares mais saudáveis e adquiram autonomia para tal.

 

O papel do nutricionista

 

O primeiro ator abordado por esta Nota Técnica são os nutricionistas. É evidente que, sem a presença do nutricionista escolar, nada disso seria possível, uma vez que somos os detentores do conhecimento técnico necessário para desenvolver esse trabalho nas unidades escolares. Não é à toa que a legislação exige, no âmbito público, a contratação de um nutricionista, a fim de garantir o repasse de verbas. Trata-se de uma medida que obriga prefeituras e estados a incluírem nutricionistas em seus quadros funcionais.

Não abordaremos a questão da quantidade de nutricionistas, uma vez que sabemos que isso é um problema em praticamente todos os municípios e estados brasileiros. No entanto, é provável que haja pelo menos um nutricionista escolar presente no ambiente escolar, cuja função é disseminar conhecimento e envolver outros atores, os quais vamos conhecer posteriormente e cujos papéis serão atribuídos no desenvolvimento da Educação Alimentar e Nutricional dentro das unidades escolares. Portanto, o nutricionista é responsável pelo planejamento, acompanhamento e execução das atividades de Educação Alimentar e Nutricional.

Devido à situação mencionada acima, em que não há quantidade suficiente de nutricionistas, a execução dessas atividades pode ser delegada a outros atores. No entanto, o nutricionista deve participar do planejamento e acompanhamento. Esta Nota Técnica apresenta alguns exemplos de como o nutricionista pode desenvolver essas ações.

 

Ações desempenhadas pelo nutricionista de acordo com a NT 

 

Realizar atividades formativas, palestras e oficinas com a equipe de gestores, professores e coordenadores desta entidade executora pode qualificar as ações no âmbito escolar em relação à alimentação saudável. É importante incentivar e demonstrar a relevância dessa temática estar presente no plano pedagógico. O nutricionista pode ainda propor um calendário de ações e campanhas durante o ano letivo. Por exemplo, se houver uma semana da alimentação saudável, pode-se realizar ações relacionadas à Educação Alimentar e Nutricional nesse período. Também é possível incluir datas ou semanas específicas para trabalhar determinado tema, como uma data comemorativa. É relevante abordar guias alimentares e os 10 passos para a alimentação saudável. Podem ser feitas formações com as comunidades escolares para capacitar as merendeiras a desenvolver cada vez melhor seu trabalho em relação à alimentação escolar. Elas desempenham um papel importante dentro desse ambiente, não apenas para cozinhar, mas também para promover uma alimentação saudável.

O nutricionista escolar pode, ademais, organizar visitas guiadas aos agricultores familiares que fornecem para a alimentação escolar, a fim de que as crianças tenham conhecimento da origem e produção dos alimentos e possam valorizar a agricultura familiar de sua região.

Além disso, o nutricionista receberá suporte dos diretores e coordenadores pedagógicos na implementação do planejado em conjunto, pois esses atores devem estar envolvidos no planejamento e execução da Educação Alimentar e Nutricional. Conscientes de que o nutricionista nem sempre dispõe de recursos para estar presente em todas as áreas, é importante fazer parcerias e envolver esses outros atores na execução da EAN.

 

O papel dos professores

 

Outros atores, obviamente, incluem os professores, que podem planejar reuniões com a equipe de nutrição para determinar os melhores meios de executar o planejamento diário. Eles também podem elaborar oficinas culinárias como parte do plano de aula, contribuir para a formação crítica dos alunos sobre propagandas relacionadas a alimentos e debater sobre o tema criticamente, identificando o que essas propagandas estão tentando vender. Os professores podem utilizar a nutrição como um tema interdisciplinar dentro das aulas de matemática, história, biologia e geografia, por exemplo, já que a alimentação perpassa por todos os campos do conhecimento.

 

O papel das merendeiras

 

Além disso, como já citado, há também a questão das merendeiras, que possuem um papel muito além de cozinhar e oferecer alimentos aos alunos. Elas têm contato diário com os alunos e criam laços afetivos com eles, o que as torna também educadoras. Por isso, no dia a dia da alimentação escolar as merendeiras podem passar na sala de aula para falar sobre o cardápio do dia, no momento de oferecer uma refeição. Elas podem informar o que vão servir e mostrar aos alunos os alimentos in natura que cozinhou. No momento do servimento, elas podem estar presentes, conversando com os alunos sobre a preparação do dia. As merendeiras possuem um papel muito além de apenas elaborar ou cozinhar os alimentos.

 

Agricultores familiares

 

Os agricultores familiares também podem participar deste processo, dispostos a receber turmas de alunos em suas propriedades, explicando sobre os alimentos produzidos pela agricultura familiar e auxiliando na construção das hortas pedagógicas dentro das unidades. Eles podem realizar diversas ações dentro do trabalho de Educação Alimentar e Nutricional.

 

O papel do CAE

 

Outro grupo que não pode ser deixado de fora são os membros do CAE, Conselho de Alimentação Escolar. Eles possuem o papel de orientar, fiscalizar e controlar os recursos repassados ao município ou estado. Os conselheiros do CAE podem participar das formações para compreender melhor a questão da alimentação escolar saudável dentro das unidades escolares e também podem incentivar a participação de outros atores na promoção de uma alimentação saudável, como os pais e os agricultores, estabelecendo interlocução entre esses grupos.

 

O papel da família

 

Por último, mas não menos importante, sabemos que a família é o pilar e os hábitos alimentares são formados também no ambiente domiciliar. Por isso, os familiares precisam estar inseridos neste contexto alimentar. É crucial que a família entenda que a escola está oferecendo determinados alimentos com o objetivo de apresentar o máximo de alimentos possíveis às crianças. Tudo isso dentro de um contexto que valorize a cultura local e desenvolva hábitos saudáveis.

Se a família não tem hábitos saudáveis e oferece apenas alimentos industrializados para as crianças, será mais difícil que elas aceitem novos alimentos. Embora não seja impossível, será um trabalho mais árduo e a criança pode apresentar maior seletividade. Portanto, é muito importante que a família participe ativamente do processo de Educação Alimentar e Nutricional (EAN) e de formações. É fundamental que a família seja abordada individualmente se a criança tem alguma necessidade especial ou dificuldade alimentar significativa. Assim, é possível discutir os melhores caminhos para ajudar a criança a desenvolver hábitos alimentares saudáveis.

É necessário que as famílias participem ativamente de grupos de discussão e oficinas que tratem de alimentação saudável. Elas devem conhecer e participar do plano político-pedagógico da escola e compreender o contexto de alimentação inserido. É fundamental trazer os pais e familiares para se juntarem a nós nesse processo.

 

Conclusão

 

Sabemos que o desenvolvimento dessas atividades de Educação Alimentar e Nutricional é um desafio. Portanto, é um trabalho diário que requer a participação ativa de todos os envolvidos. Nesse sentido, o nutricionista escolar desempenha um papel crucial na articulação dos atores envolvidos. Assim como na transmissão de informações e conhecimentos sobre a alimentação escolar e a importância da educação alimentar e nutricional no ambiente escolar.

Cabe ao nutricionista escolar assumir a responsabilidade de articular e coordenar esses esforços. Entretanto, é importante que todos os atores envolvidos percebam sua função dentro da unidade escolar. Sendo assim, podem assumir sua responsabilidade nos trabalhos de educação alimentar e nutricional no ambiente escolar.

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