As instituições devem levar em consideração que a forma como conduzem a alimentação dos bebês nas creches pode ter impactos significativos em seus hábitos alimentares e na relação que eles desenvolvem com os alimentos e o momento das refeições. Desde o aleitamento materno ou a oferta de alimentos infantis na introdução alimentar, momentos cruciais que moldam o comportamento alimentar dos bebês.
É fundamental que haja um diálogo sobre esse assunto dentro das creches, para garantir condições adequadas e evoluir na maneira como lidamos com esses momentos tão importantes na alimentação dos bebês. Hoje em dia, reconhecemos amplamente que aprender a comer é um ato aprendido por meio de experiências, tornando crucial considerar todos os aspectos que cercam esse comportamento, não apenas o valor nutricional dos alimentos.
Embora por muito tempo o foco profissional tenha sido apenas na questão nutricional, precisamos ampliar nosso olhar para criar momentos agradáveis e adequados que promovam a autonomia e aprendizado alimentar dos bebês. Assim, é possível garantir um futuro saudável para as crianças, que terão uma relação positiva com a alimentação desde cedo.
Interação entre o cuidador e o bebê
Em nossa realidade, devemos considerar e observar algumas questões importantes, buscando os ajustes necessários. Uma dessas questões é a interação entre o cuidador e o bebê durante os momentos de alimentação. Independentemente de se tratar da oferta de leite materno, fórmula ou alimentos sólidos. É fundamental compreender como essa interação ocorre e se há uma conexão real entre o cuidador e o bebê. Essa interação irá influenciar a forma como o bebê entende, compreende e aceita os alimentos.
É importante que as unidades escolares e creches considerem se estão utilizando algum método ou abordagem específicos durante as refeições. É necessário pensar na autonomia dos bebês durante esses momentos, permitindo que eles possam tocar nos alimentos e pegar nos talheres. Dessa forma, eles podem desenvolver essa autonomia e contato com os alimentos, ao invés de simplesmente observar a ação do cuidador sem participação ativa. É preciso refletir sobre como pensamos e conduzimos essas questões.
Essas questões são fundamentais, especialmente porque muitos bebês ingressam em creches com apenas quatro ou seis meses de vida e acabam passando boa parte do dia no local. Isso pode ter um grande impacto em sua alimentação tanto no presente quanto no futuro. Portanto, é importante refletir, observar e verificar essas questões em nossas realidades.
Adaptação da oferta alimentar
Sabemos da importância de construir bons hábitos alimentares nas crianças, para além do fornecimento dos nutrientes essenciais para o seu desenvolvimento. Assim, os cuidadores devem oferecer alimentos adequados não só do ponto de vista nutricional, mas também comportamental, levando em conta as abordagens e o controle dos alimentos. Por isso, a presença do profissional nutricionista é fundamental no ambiente escolar. Ele, o profissional capacitado, pode entender as questões comportamentais envolvidas e prestar auxílio aos demais profissionais nas unidades escolares.
É fundamental que o nutricionista dialogue com os demais profissionais para promover a inclusão de princípios comportamentais no momento da refeição, que vão além da simples saciedade e de satisfazer a fome da criança. É igualmente importante que a família e a Unidade Escolar estejam alinhadas na promoção da autonomia alimentar. Juntas, elas devem estimular bons hábitos e garantir que a alimentação seja adequada em termos de forma e consistência. Além de levar em consideração as mudanças que ocorrem na alimentação nos primeiros anos de vida. Até os seis meses, a criança deve receber apenas leite materno ou uma fórmula infantil. Depois disso, os pais ou responsáveis devem introduzir a alimentação sólida para a criança, mantendo também a ingestão de leite. No entanto, é essencial que haja uma evolução adequada da consistência dos alimentos. Consequentemente, a falta desse cuidado pode prejudicar o desenvolvimento oral e até mesmo a fala.
Consistência dos alimentos
Observa-se frequentemente a tendência de manter uma consistência sempre pastosa na alimentação de bebês. Nesse contexto, é inadmissível que uma criança com 9 ou 10 meses ainda esteja recebendo somente alimentos sólidos nessa forma. A evolução da consistência é crucial e sua falta pode resultar em prejuízos futuros, como no desenvolvimento oral e em questões de fala.
Além disso, outra questão importante na alimentação dos bebês nas creches é o respeito aos sinais de fome e saciedade da criança. É comum que o adulto projete suas expectativas na quantidade que a criança deveria comer. Entretanto, é essencial observar os sinais que a criança dá e seguir seu ritmo, que pode variar de acordo com o dia e o humor da criança, assim como ocorre conosco.
Outra questão de relevância para alimentação dos bebês nas creches é assegurar a oferta de alimentos variados, provenientes de diferentes grupos alimentares adequados a essa faixa etária. Além de manter a restrição de açúcar que foi implementada em 2020 para bebês com até três anos de idade. É crucial que isso seja efetivamente aplicado.
Concluindo
Finalmente, destaque-se que é importante estruturar o tempo e o local das refeições dos bebês de acordo com sua faixa etária. É essencial proporcionar um ambiente tranquilo e agradável para que possam desenvolver uma relação positiva com a comida e se alimentar de maneira prazerosa.